Vem ranking e vai ranking semanal de vendas, tanto o Wii (novo videogame da Nintendo) quanto DS (novo portátil da Nintendo) continuam com as vendas muito a frente de seus concorrentes, que possuem poder de processamento muito maior que estes produtos da Nintendo (se quiser ver algumas das notícias sobre vendas, veja na Agência Estado, no Slashdot ou no Finalboss).

Bem, eu não sou economista (embora goste de ler sobre o assunto), e sim alguém que cresceu jogando videogames, e vou dar meu palpite sobre esse assunto, então se você for economista e achar tudo muito simplório, envie um comentário e ajude um ignorante no assunto.

Nessa nova geração, a Sony e a Microsoft investiram em máquinas ultra-poderosas, com muito poder gráfico, visando o jogador típico de videogame: o adolescente de 13 anos fanático por discutir esse tipo de coisa na escola (eu já fui um deles!). Inclusive, ambas tem um bom prejuízo neste lançamento inicial de suas máquinas, já que elas visam ganhar algum retorno financeiro com a venda de jogos e com o barateamento destas máquinas no futuro. A Sony, inclusive, teve um bom prejuízo global por causa do Playstation 3.

E a Nintendo? Bem, a Nintendo alegou que nesta nova geração de videogames não iria concorrer pelos chamados “gamers hardcore”, e sim pelo jogador casual (o que eu me tornei!), ou pessoas que nunca jogaram videogames antes (sua , por exemplo). Pensando nisso, ela colocou inovações muito interessantes em seus novos videogames, como o controle que reproduz movimento do Wii, ou a tela sensível a toque, a canetinha, e o microfone do DS. Tudo isso, foi criatividade, sem ter prejuízo na fabricação destes equipamentos.

O que a Nintendo fez nesse caso, me lembra muito a teoria dos jogos. Se você não lembra, o filme Uma Mente Brilhante (sobre o criador da teoria, John Nash) explica da melhor forma (se você lembra disso, pule este parágrafo): John e seus amigos estavam em bar/boate/club noturno, e todos ficaram interessados pela mulher mais bonita que se encontrava lá. Então, quando discutiam para ver quem se aproximaria primeiro dela, John teve a idéia: se todos lutarem pela mulher mais bonita, a chance de nenhum ficar com ela é grande, e o máximo que conseguiriam seria que apenas um ficasse com ela. Se decidissem lutar pelas outras bonitas-mas-nem-tanto, provavelmente a maioria deles ficaria com alguém. Basicamente, a idéia é não ir com sede ao pote, e pensar no bem coletivo.

Divagando um pouco, a teoria dos jogos é o inverso (a antítese) da Lei de Gérson. Conforme a Wikipedia, “segue a Lei de Gérson a pessoa que ‘gosta de levar vantagem em tudo’, no sentido negativo de se aproveitar de todas as situações em benefício próprio, sem se importar com a ética”. Bem, basicamente essa é a única lei que funciona no Brasil, tanto que também é conhecida como Lei Brasilis. Como a idéia é justamente não pensar no coletivo e tentar se aproveitar de tudo, no final sempre todo mundo se dá mal.

Voltando da divagação, o que a Nintendo então fez? Ela desistiu declaramente de lutar pela mulher mais bonita (o jogador hardcore), e decidiu declaramente lutar por várias das mulheres bonitas-mas-nem-tanto (os jogadores casuais), com a diferença que existem milhares de vezes mais mulheres bonitas-mas-nem-tanto no mundo dos jogadores. E realmente isso é verdade: a Nintendo anunciou que focaria no jogador casual, e desistiria de lutar por fazer apenas a máquina mais poderosa.

Além disso, a Nintendo aplicou o slogan da Apple: “think different” (em português, “pense diferente”). Inovou tanto no visual do aparelho, quanto na forma de se jogar videogame. E, fez de uma forma que a Apple, nem Sony, nem MS fizeram: com preço acessível.

Ainda existe um detalhe: a Nintendo também nunca deixou morrer suas linhas de jogos mais importantes, como Mário, Zelda, Mario Kart, etc.

Bom: com um excelente produto, revolucionário e de apelo universal, e um preço acessível, a Nintendo tem colhido seus gordos frutos (um fruto gordo é uma jaca?).